domingo, 31 de maio de 2009

O benefício da edição

No Brasil, repórteres hoje em dia não vão a lugar algum sem ter texto final - a capacidade de escrever exatamente como vai sair no jornal. Por aqui, as redações ainda mantém as redes de proteção para evitar que a gente se esborrache nos erros de gramática, regência e de manual.
Como por aqui, escrevendo em inglês, eu sou praticamente um analfabeto, esse monte de editores e copidesques é fundamental para mim. Nos meus primeiros contatos com os meus chefes no Inquirer, avisei-os que não escrevo em inglês no Brasil e que essa seria a primeira experiência. Me tranquilizaram: "para isso a gente paga os editores".

Minha segunda matéria no Inquirer:
Largely foreign soccer league takes root

A rivalidade entre repórteres e editores é universal - 3 semanas enfurnado numa faculdade com repórteres do mundo todo me lembraram disso. Mas bons editores são preciosos, e vi isso na minha segunda matéria publicada no Inquirer, quarta-feira, no link acima. Além de trocar descrições longas de coisas para as quais existe uma palavra que eu não conheço por ser brasileiro, o editor melhorou muito alguns trechos. A mudança mais substancial entre o meu original e o que saiu foi no trecho abaixo.

ERA ASSIM
He plays defense for KS Cracovia, the team Tylek founded two years ago with Polish and American friends. Now, the team has players from 10 different countries and play Saturdays in the Pennypack Park fields, on an amateur league called Casa Soccer.
"We've lost half of the team for different reasons last year, so we had to draft people we knew from other teams", said Tylek, 30, who also plays soccer Sunday nights and, sometimes, other days in indoor fields.

FICOU ASSIM
Aside from the Saturday games, Tylek, 30, plays soccer on Sunday nights and, sometimes, during the week. But playing for Cracovia tests more than his ball skills and field savvy. Indeed, the transient lives of many of his foreign-born players test his organizational prowess.
"We’ve lost half of the team for different reasons last year, so we had to draft people we knew from other teams,” he said.
Um pouco mais curto e bem mais fluente para ler. Foi direto ao ponto e deixou o texto elegante. Quando eu consigo ver os editores fuçando nas minhas matérias é um baita aprendizado. Algo que deixei de fazer com o tempo na Zero, um pouco por preguiça, outro por me decepcionar com ataques terroristas aos textos. Mas por necessidade estou fazendo aqui, e está dando muito certo.

Basicamente, voltei a ser um foca em muitas coisas. Tudo dá mais trabalho, mas ao mesmo tempo não se sai da redação com a sensação de que foi um dia normal - nunca.

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