quarta-feira, 6 de maio de 2009

Espero visitas

400 North Broad Street, segundo andar. É aqui que estarei pelos próximos cinco meses: na redação do Inquirer.

O segundo andar é onde costumava estar a rotativa. Ou seja, tem um pé-direito gigantesco e é enorme. Uma redação gigante, com muito menos gente do que já teve. O Inquirer está em bankruptcy, processo de falência. Me disseram que as finanças estão se recuperando e vão sair dessa em alguns meses. Mas, por enquanto, é economia de guerra.

Repórteres reclamam que agora precisam apresentar recibo para todos os gastos. Computadores, em sua maioria, são velhos. Alguns serviços foram cortados para economizar, outros porque os fornecedores não negociam com quem está em bankruptcy. Bob Moran, o repórter que é meu "mentor" na redação, disse que há duas décadas um repórter pegou um avião e cruzou o país só para conferir um endereço. "Bons tempos", resumiu. Não voltam mais.

Também se reflete na redação. É tradição americana ter redações mais velhas na média - boa parte dos repórteres começa num jornal pequeno depois de formado e demora para chegar nos grandes. Hoje acompanhei uma repórter que conseguiu seu primeiro emprego como jornalista aos 29 anos - nos anos 80.
Mas com as demissões, o Inquirer ficou mais velho ainda. Só vejo gente na faixa dos 40 anos, mesmo repórteres. Um free-lancer veio fazer amizade comigo hoje e me pagou o almoço, só porque eu não tenho nenhum cabelo branco. "Fiquei aliviado quando vi tu e a Konstanze (jornalista austríaca de 27 anos que também está em intercâmbio aqui). Finalmente, alguém da minha idade." Ele tem 23 anos.
Evidente que não é ruim ter gente experiente, mas um jornal tem que ter alguma juventude. Alguma, pelo menos. Mas, para quem veio aqui para aprender, esse monte de gente mais velha do que eu é uma maravilha. É uma escola ambulante, emoldurada por uma quantidade impressionante de prêmios Pulitzer pendurados no corredor de entrada da redação.
Vai ser legal.

Um comentário: